Em carta divulgada na imprensa, o presidente da Mesa da Assembleia do Chega Açores pediu a sua demissão do cargo e a desfiliação da “militância do partido com efeitos imediatos”, criticando o “nepotismo”, a direção nacional e o líder André Ventura.
Tenho a plena convicção de que o senhor doutor André Ventura, ou alguém a seu rogo, virá a público dizer que é mentira. Mas é verdade, existe mesmo nepotismo no seio do partido Chega
João Martins critica a direção nacional do partido por permitir que os “órgãos regionais fossem alvo de ataques por parte de militantes tresloucados, que nunca foram devidamente admoestados pelas estruturas nacionais”.
O agora ex-dirigente do Chega disse ter sido “bem notória a total nulidade” da direção nacional, que manteve o “caos interno” e passou um “atestado de incompetência” à estrutura açoriana.
Considera ainda “vergonhosa” a entrega das listas autárquicas nos respetivos tribunais sem que tivessem sido “submetidas a voto de aprovação” nos órgãos regionais.
Desistiu também de ser o candidato do partido à Câmara da Ribeira Grande nas próximas eleições autárquicas, foi substituído por Fernando Luís Mota, militante que ainda estava suspenso no Chega, por estar desiludido:
Senti que estava a ser desrespeitado também aqui como cabeça de lista, por parte do senhor doutor André Ventura, que num gesto infantilizado exigiu a apresentação de candidaturas, um comportamento infantil, como um menino mimado e birrento que faz um espalhafato exigindo aos pais um brinquedo.
Considera ainda “grave” a retirada de confiança política a Carlos Furtado e salienta que existe uma “grande coleção de faltas de respeito da direção nacional sobre a direção regional”.
Ao que foi dado a entender pelo outro deputado [José Pacheco], é-lhe conferido pelas estruturas nacionais responsabilidades no processo autárquico, desvinculadas da direção regional que nunca foi consultada nem ouvida.
O ex-presidente da Mesa da Assembleia do Chega Açores destaca ainda que “ninguém da direção nacional se dirigiu à direção regional, depois da retirada de confiança ao antigo presidente”.
João Martins considera também uma “autêntica vergonha” o líder do Chega ter tido uma reunião com o presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, a 16 de julho, sem a presença de qualquer membro da direção regional.
Só se observou o fabrico da imagem, que é já como que uma marca comercial […], a marca André Ventura. Nada mais importa a não ser promover a marca, mesmo que isto custe a destruição e destituir as pessoas sérias e honestas.
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