Carlos Augusto Borges Rodrigues Furtado, que desistiu por duas vezes da liderança regional do partido de André Ventura, explica as razões da saída e afirma que o partido não respeita os militantes:
O partido, nos últimos tempos, tem-se tornado uma centrifugadora de militantes… O Chega tem de se reorganizar, tem de respeitar o seu quadro de militantes, sob pena de acontecer aquilo que tem acontecido: vão saindo militantes atrás de militantes, dirigentes atrás de dirigentes, porque há um limite para tudo.
Em declarações à TSF, o agora independente deputado na Assembleia Legislativa dos Açores afirmou:
Sinceramente, ainda não percebi a verdadeira razão do processo de expulsão. Não ofendi o dr. André Ventura nem nenhum membro da direção. Apenas cumpri aquilo que tinha dito: que queria afastar-me e que não tinha condições para continuar.
Carlos Furtado admite que esperava uma palavra de André Ventura mas que este desvalorizou completamente as suas palavras, e confessa desencanto com a liderança do Chega:
[O Chega é] um partido que não respeita quem está a fazer tudo por tudo para deixar bem [visto] o nome do partido… Se uma direção nacional não respeita um dirigente, como é que vai respeitar os militantes de base e os populares que não votaram no partido? Quando não respeita os próximos, como é que vai respeitar os outros?
A posição do Chega no acordo de Governo Regional nos Açores parece comprometida, pois Carlos Furtado irá manter-se como deputado não-inscrito no parlamento açoriano:
No decorrer dos trabalhos parlamentares, nos últimos meses, tem-se percebido que o partido PAN não quer deixar cair a solução governativa e, no limite, tira todo o protagonismo ao Chega… A saída de um deputado para independente, que é o meu caso, tira margem de manobra ao Chega e o PAN tira-lhe o resto do espaço. Portanto, atualmente, o Chega manda “zero” no Governo dos Açores. André Ventura teve um diamante nas mãos e não o soube aproveitar.
A Comissão de Ética do Chega comunicou ontem que, ao abrigo da Diretiva n.º 3/2020 e do Regulamento Disciplinar, foi aprovada a suspensão provisória do militante Carlos Augusto Borges Rodrigues Furtado por um período de 90 Dias e vai ser proposta a sua expulsão ao Conselho de Jurisdição.
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