A responsável da Igreja Católica pelo apoio aos migrantes associa o aumento do discurso xenófobo na política ao crescimento do Chega “agora tem palco, tem lugar na Assembleia, pelo número de deputados que tem, portanto, tem uma maior expressão”.
Eugénia Quaresma, diretora da Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM), considera que a xenofobia e o racismo no discurso político é uma situação “muito grave”, mas disse acreditar que a grande maioria da população portuguesa pode contribuir para o inverso:
É muito grave e ainda bem que temos também políticos atentos e que fazem frente, em sede própria, porque há aí uma narrativa que procura um bode expiatório e revela alguma ignorância ou procura fazer generalizações de uma ou outra história que conheceu.
A diretora da OCPM salientou ainda que “a grande maioria das pessoas” que vem estudar ou trabalhar para Portugal não quer “viver às custas”, mas desenvolver o seu potencial e da sua família, e algumas delas “esperam e sonham também desenvolver o potencial do país de origem”.
Em 21 de julho, no debate sobre a revisão da lei de estrangeiros, no parlamento, o presidente do Chega acusou o Governo (PS) de querer que os imigrantes “venham de qualquer maneira” para o país e acrescentando: “Só há uns que nunca têm prioridade no discurso do Governo, os portugueses que trabalharam toda a vida, que pagam impostos e estão a sustentar o país”.
André Ventura chegou mesmo a dizer que os imigrantes que chegam a Portugal não são iguais aos portugueses que emigram para outros países, intervenção que gerou muitos protestos por parte de vários deputados no hemiciclo e levou à intervenção do presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva.
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