André Ventura, Cheganos Oficiais

André Ventura que criticou o polícia que agrediu a pontapé o adepto do Benfica quer louvar os polícias que agrediram o vendedor de ferro

Em abril de 2017, André Ventura na sua crónica do Correio da Manhã para comentar a “violência policial” que um adepto do Benfica sofreu quando fugia (vídeo disponível no CMTV), disse que o agente “não respeita certamente os critérios de proporcionalidade” pois o adepto já estava “imobilizado no chão” quando foi agredido e pontapeado nas costas.
Agora, o líder do Chega tem uma opinião diferente sobre a agressão a pontapé nas costas ao homem que transportava ferros na mão (segundo uma testemunha o homem vende metal), no Bairro Alto em Lisboa, no dia 13 de agosto, e quer louvá-los e congratulá-los.
No vídeo inicial que foi publicado nas redes sociais (onde não consta os segundos iniciais onde o homem deixa cair ferros no chão, vídeo publicado depois com esses segundos em baixo), os dois polícias estavam aos berros com o homem, a ordenar que este se deitasse no chão e que se virasse, enquanto lhe davam bastonadas, resistência visível por parte do agredido, que tenta apenas proteger-se dos golpes, bastonadas e pontapé nas costas.
Segundo entrevista publicada no Público, Frank Alexandre, uma testemunha que estava na rua no decorrer da situação, e vizinho do homem agredido, disse que os polícias, que iam dentro de um carro, devem ter reparado nos “ferros” que o homem segurava na mão, enquanto passava “bem perto” de uma família de turistas, com um carrinho de criança, “Ele não provocou a criança nem nada”.
Segundo a mesma testemunha o senhor agredido é conhecido na zona por ter a casa cheia deste metal, que vende para ganhar algum dinheiro, bem como por “mexer com o povo“.
Na mesma entrevista Frank Alexandre diz que o homem voltou [a casa] no mesmo dia, acrescentando que o homem lhe disse que tinha sido agredido de novo na esquadra da polícia.
Várias páginas associadas à extrema-direita conseguiram ver catanas nas mãos do homem, o que se fosse verdade o homem teria que ser detido por posse de arma ilegal, e na nota da polícia vem apenas referido “ferros”.
O Comando Metropolitano de Lisboa da PSP divulgou um comunicado de imprensa onde descreve uma versão diferente da registada no vídeo, que remetia para os momentos anteriores:

No âmbito do patrulhamento na zona do Bairro Alto, em Lisboa, pelas 19h40, do dia 13 de agosto de 2022, uma patrulha da PSP foi informada por uma pessoa que ali circulava que, na Travessa da Boa Hora, 9, se encontrava um indivíduo com um comportamento agressivo para com as pessoas que por ali passavam, ameaçando-as e causando-lhes receio.
Tendo em conta esta informação, os polícias deslocaram-se ao local e abordaram o cidadão suspeito para esclarecimento dos factos, tendo este [apresentado] uma atitude agressiva para com os polícias e negado identificar-se.
Esgotados os pressupostos legais para proceder à sua identificação, foi o mesmo informado que iria ser conduzido à esquadra para se proceder às diligências necessárias. A partir deste momento, o indivíduo terá ficado mais agressivo, negando-se a acompanhar os polícias e terá tentado escapar e impedir a ação policial, utilizando ferros com intenção de os agredir. Os polícias recorreram ao uso da força, incluindo através de bastão policial e já manietado conduziram o suspeito à esquadra, onde foi identificado, tendo saído daquela subunidade pelas 22h.
Para o esclarecimento cabal do ocorrido vai ser instaurado um processo de inquérito.

Vídeo publicado com a detenção no Bairro Alto:


Vídeo com os primeiros segundos cortados, onde se vê o homem a deixar cair os ferros:


André Ventura publicou na sua página a notícia sobre o inquérito à detenção no Bairro Alto e pretende louvar os polícias pois com base na iniciativa do partido os dois polícias “agiram dentro dos limites da prudência e dos critérios legais da necessidade e proporcionalidade”:

Sim, nós não queremos condenar os polícias que fazem o seu trabalho. Queremos louvá-los e congratulá-los, para que nos mantenham em segurança. Sem medo!

Em 2017, o colunista André Ventura tinha opinião diferente da detenção de um adeto do Bendica. Parte da crónica de André Ventura no Correio da Manhã:

Compreende-se perfeitamente que a polícia tenha de agir de forma musculada num ambiente de terrível tensão entre clubes, dirigentes e comentadores. Mas não respeita certamente critérios de proporcionalidade o agente que, com o adepto já imobilizado no chão, o agride e pontapeia nas costas. Pior: pode facilmente levar a retaliações e a novos focos de tensão.

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