Raquel Varela, professora universitária e historiadora, não tem dúvidas: “O Chega é uma organização fascista”. A especialista em temas relacionados com o mundo laboral e os direitos dos trabalhadores partilhou no Youtube a sua intervenção na CNN no dia 27 de Outubro de 2025, no programa “Arena”, para comentar a defesa do ditadora Salazar pelo líder do Chega, André Ventura.
No mesmo dia escreveu na sua página no Facebook sobre Salazar e o Chega:
Salazar é um dos principais criminosos da história da Europa e um dos homens mais corruptos da história de Portugal – a rigor ninguém distribuiu tanto por tão poucos amigos como o ditador que governou Portugal mais tempo, esse é Salazar. Aqui o rol de mortes com números, que ascende na totalidade do regime a mais de 150 mil cadáveres, sem contar com os que morreram de fome, parto, e doenças evitáveis ou os mais de 200 mil mutilados, amputados da guerra. Pouca gente tem nas mãos tanto sangue na longa história do nosso país.
Salazar é também um dos maiores corruptos da nossa história – a sua função primordial era distribuir entre os amigos com quem se reunia pessoalmente (5 grandes grupos económicos) o bolo do monopólio produtivo e comercial, debaixo de uma lei chamada condicionamento industrial que permitia dar determinado mercado só a um grupo económico. E dar-lhes muitos trabalhadores com salários baixos porque sindicatos e greves eram proibidos. Se algum levantava a cabeça era preso e torturado.
Sem a cumplicidade e o colapso ético de editores e jornalistas (não pode continuar a haver desculpas com a precariedade, é inaceitável o que se passa nos media) não haveria propaganda fascista nas TVs a passar como “entrevistas”. O neofascismo em Portugal, com este alcance, é uma criação dos media, há um grande Partido nacional que inclui grandes empresários que apoiam o Chega e grandes grupos mediáticos que apoiam o Chega. Não há inocentes nesta história do espectáculo do Partido Media/Chega, a não ser os que morreram às mãos dos ditadores.
No Museu do Aljube há um mural com os que levantaram a cabeça e foram mortos, a maioria são operários. Mortos por pensarem e falarem livremente. É repugnante assistir a isto como se fosse “jornalismo”, é puro obscurantismo, palco de divulgação de mentiras, negação do conhecimento, da realidade e dos factos.
Walter Benjamin, um dos mais sofisticados filósofos críticos do nazismo, lembrou-nos que enquanto houver capitalismo nem os mortos estão a salvo, ou seja, até as campas são profanadas e a memória fagocitada.
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