Óscar Cardoso, 88 anos, residente na Ericeira, ex-inspetor da PIDE entre 1965 e o final da ditadura deu uma entrevista ao Correio da Manhã, jornal que promove André Ventura, onde garante ter votado no Chega, pois “é o melhor que havia”, mas afirma que ao líder do Chega “falta muito para chegar a Salazar”.
Ex-comandante dos Flechas, tropa indígena da polícia política em Angola, é um salazarista convicto, esteve dois anos preso após a Revolução de 25 de Abril de 1974, e apesar de afirmar que não faziam torturas na PIDE, dá exemplos de torturas psicológicas que fez (parece uma contradição) em Angola:
Vi dar umas palmadas, mas não se torturava ninguém, fazíamos brincadeiras, por exemplo quando o suspeito não dava a resposta certa, metíamos a cadeira dele em cima de um tapete, e levava uns choque nas pernas, e ele depois contava a verdade, aquilo era um feitiço, não era tortura, fazia comichão.
Não é tortura,… metia-se a pólvora de uma bala em cima da cabeça do arguido em papel de tabaco, lançava-se fogo ao tabaco em cima do papel, não queimava a cabeça mas aquecia um bocadinho, dizíamos que era feitiço, eles ficavam horrorizados, eles viam num espelho o fumo a sair da cabeça e diziam a verdade toda.
Óscar Cardoso estava encarregado da Defesa da Sede da PIDE no dia 26 de Abril, e que quando houve a tentativa de invasão da multidão disse para atirarem para o ar, mas “parece que houve um colega ou outro, que em vez de atirar para o ar, e se calhar fez muito bem, atirou para baixo, e feriu uns 3 ou 4”.
O ex-PIDE refere-se à tentativa de invasão da Sede da PIDE, onde os disparos da polícia política causaram 4 mortos e dezenas de feridos nos manifestantes.
“Tortura? Os choques elétricos só faziam comichão.”
Óscar Cardoso é um dos inspetores da PIDE que recebeu de Cavaco Silva uma pensão vitalícia por serviços relevantes prestados à Pátria. A mesma pensão que Cavaco recusou atribuir ao Salgueiro Maia.https://t.co/KmYOOm9i0E pic.twitter.com/BUbIcMB4WD— WalterDomingos (@WalterDomings) April 28, 2024
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