António Miguel Rios, único deputado municipal do partido de André Ventura na Póvoa de Varzim, partilhou no Facebook a sua intervenção na Assembleia Municipal sobre a Revolução dos Cravos, onde afirma que Salazar proibiu o fascismo, que o PCP devia ser ilegalizado e que no 25 de Abril de 1974 mudou-se o rumo da Liberdade para a Libertinagem.
Ricardo Galhardo, membro do Comité Central do Partido Comunista Português, reagiu no Twitter à intervenção do autarca que se mantém no Chega apesar de em dezembro de 2021 ter-lhe sido retirada a confiança política por parte da líder da concelhia do partido de extrema direita:
Esta no noite, na Assembleia Municipal da #PóvoadeVarzim, e fora dos palcos mediáticos, o facho eleito pelo CH, Miguel Rios, teve a coragem de fazer uma ode a Salazar e ao fascismo, elogiando-o como bom ditador, mostrando a vontade de ilegalização do PCP.
Isto com a permissão do uso da palavra pelo presidente da assembleia, do PSD, que disse que não precisa celebrar o #25deAbril todos os anos.
Facho de merda.
António Miguel Rios escreveu na sua página:
Partilho aqui a minha intervenção na Assembleia Municipal sobre o 25 de Abril de 1974.
Por razões de tempo não foi lida na integra, embora aqui a partilhe na integra.
Comemorar o 25 de Abril, é sempre para mim, um momento importante do meu calendário gregoriano.
Foi naquele dia, que na estação de comboios da lusa Atenas, um vulto apanhou um comboio que o deixaria em Stª Apolónia.
Ironicamente, estávamos no dia 25 de Abril de 1928 e António de Oliveira Salazar chegava a Lisboa.
Desta vez para ficar.
Já em 1921 tinha sido eleito deputado pelo círculo de Guimarães, nas listas do centro Católico e exercera o mandato durante apenas, 1 dia.
Horrorizado com a liturgia parlamentar á base da gritaria e sem qualquer projeto para uma nação, no final do dia voltou para a calma de Coimbra.
Em 1926, pressionado por Mendes cabeçadas e por Schiappa de Azevedo volta a Lisboa e assume a pasta das finanças.
Faz uma ampla exposição pessimista no conselho de ministros e dá 5 dias de tolerância ao regime.
Não vendo a Luz ao fundo do túnel, no dia 17 de junho de 1926 aos jornalistas declara :
“Meus senhores , volto hoje mesmo para Coimbra”.
Voltando ao importante dia do 25 de Abril de 1928, Oliveira Salazar, agora com plenos poderes declara:
SEI MUITO BEM O QUE QUERO E PARA ONDE VOU.
É esta frase que dá o mote a uma ditadura, que, no meu entender e partilhado também com muitos historiadores:
“não há uma ditadura boa, mas se a houvesse, seria a de António de Oliveira Salazar – Um homem, numa visão superior á sua própria existência.
Foi com este espirito e com os ventos do fascismo a soprarem favoravelmente da Alemanha onde Hitler se instala no Reichstag, que, Salazar em Portugal é confrontado com a crescente popularidade do movimento Fascista, apoiado por muitas elites, liderado por Rolão Preto e que pretende ultrapassar pela direita, o Jovem Estado Novo.
Não me alongando, em 29 de julho de 1933, Salazar proíbe a atividade da fação Nacional-sindicalista de Rolão Preto e dos seus Camisas azuis, assinando um decreto a extinguir o dito movimento fascista.
Rolão Preto é exilado e os camisas azuis seguem o mesmo destino.
Quero deixar aqui esta mensagem no sentido de elucidar todos os presentes e em particular a extrema esquerda que, em Portugal o fascismo foi proibido por Salazar.
Assim como hoje, deveriam ser proibidos todos os partidos com ideais Marxistas e Leninistas como o Partido comunista e outros com as mesmas raízes.
Congratulo aqui António de Oliveira Salazar e todos nós por, em Portugal não haver valas comuns com familiares nossos fuzilados, por diferente pensamento ideológico.
Depois, existe um outro 25 de Abril, que dizem ser o dia da liberdade.
Nesse 25 de Abril de 1974, já caminhávamos a passou curtos mas seguros para a liberdade.
Nesse 25 de Abril, mudou-se o rumo da liberdade para a libertinagem, tendo desde esse dia até hoje atingindo uma dimensão catastrófica a que assistimos todos os dias nas Tvs sobre os casos dos roubos na banca, nas empresas publicas e nas câmaras municipais onde as maiorias se revelam autênticos regimes Putinescos, onde interesses privados se sobrepõem aos interesses dos municípios.
Assim o é na Póvoa de Varzim do qual vou dar 2 únicos exemplos:
• O caso em que o Exmo. Sr. vereador Marco Barbosa levou a tribunal, dizendo ter sido ameaçado pelo ex presidente do IL, o Sr. Engº Ricardo Zamith, a quem o tribunal absolveu. Em abono da verdade o que estava aqui em causa era uma licença de habitabilidade que não foi passada, imagine-se por causa de um tubo de queda de uma caleira, que era mais do que evidente que, tinha sido vandalizada.
O excesso de zelo do nosso vereador Marco Barbosa no caso do eng. Zamith, contracena por completo com a falta de um tubo de queda de uma caleira no edifício da Filantropica, onde este executivo aprovou e emitiu uma licença de utilização de um prédio que em vez de uma caleira, tem a água que vem de 2 telhados a jorrar diretamente para a via pública. Mas neste caso, a licença foi passada, pois o arquiteto responsável pelo projeto, tem boas relações de amizade profunda com este executivo e com os anteriores, é o mesmo que fez o ninho de cucos na Praça do Almada, que foi batizado de CAM e não cumpre os regulamentos de edificação nesta zona onde deve predominar o granito.
Aqui estão bem explícitos a falta de valores de Abril ou os valores de abril de 74.
• No dia seguinte á Assembleia Municipal de 23 de Fevereiro, surgia a noticia no E-noticias da camara municipal da Póvoa de Varzim, a versão moderna dos sistemas de propaganda Nazi e dos regimes autoritários existentes por altura da 2º guerra mundial.
Dizia assim a propaganda do e-noticias – Assembleia Municipal aprova conclusão da obra da via B. Neste belo dia 23 de fevereiro, nesta assembleia, não se aprovou nada em relação á via B.
Reclamei sobre o sucedido e dei conhecimento a outros grupos parlamentares aqui representados que eu penso que nada fizeram. Enviei a minha indignação por email ao município e ao Exmo. Sr. presidente da Camara que nada respondeu.
Depois, só através de uma conversa telefónica com a responsável deste sistema de Propaganda é que a noticia foi alterada, para outra mentira da qual também reclamei. então a propaganda surgiu assim mascarada:
Assembleia Municipal analisa conclusão da obra da via B.
Nem se analisou nem se aprovou.
Alias, todos aqui presentes sabemos que isto é uma mentira.
Foi mais uma mentira que o povo come calado e que nós temos o dever de reclamar pela verdade dos factos e repor essa verdade.
A verdade nesta assembleia é uma mentira que convém ao executivo e onde, quem não reclama é cúmplice.
O deputado do CHEGA, António Miguel Rios recusa essa cumplicidade.
Por isso hoje o meu sentimento em relação aos ideais e aos ditos valores do dito 25 de Abril de 1974 é igual ao de muitos dos militares que fizeram Abril, sentimo-nos traídos.
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