André Ventura, Internacionais, Jair Bolsonaro

Mia Couto escreveu que André Ventura terá dificuldades em explicar qual a lusofonia que o preocupa

O escritor angolano José Eduardo Agualusa publicou no seu Instagram um texto de Mia Couto como resposta a André Ventura, que disse que a derrota de Bolsonaro foi um dia triste para a lusofonia.
O escritor moçambicano, vencedor do Prémio Camões em 2013, deu vários exemplos de falta de lusofonia de Bolsonaro e não tem dúvidas que o líder do Chega vai ter dificuldades em “usar a mesma língua quando falar com Bolsonaro” e “dificuldades maiores ainda em explicar qual será a lusofonia que tanto o preocupa”.

Mia Couto, que não tem redes sociais, pediu-me que divulgasse aqui o seguinte texto da sua autoria, o qual, de resto, subscrevo na íntegra: “Reagindo à derrota de Jair Bolsonaro, um político português de extrema-direita, chamado André Ventura, declarou tratar-se de um dia “muito triste para a lusofonia”. Não sei a que lusofonia se refere este Ventura. A lusofonia de um Presidente brasileiro que recusou receber o Chefe de Estado português? A lusofonia de um Presidente brasileiro que recusou responder à pergunta de um jornalista português alegando não entender o idioma de Portugal (que ele designou de “espanhol” ou “portunhol?”). E adivinho uma dificuldade: em que língua este Ventura vai consolar Jair Bolsonaro? E que já que se fala de lusofonia, talvez convenha relembrar o seguinte: durante todo o seu mandato, Bolsonaro não visitou nenhum país da África lusófona na sua condição de estadista. O momento de maior empenho de Bolsonaro junto dos países africanos foi uma carta que escreveu ao presidente de Angola. Essa rara iniciativa não foi tomada em defesa dos interesses do povo brasileiro ou do povo de Angola (ou mesmo da lusofonia que tanto preocupa o Ventura). Essa iniciativa foi tomada em defesa da Igreja Universal do Reino de Deus quando crimes financeiros e de práticas racistas alegadamente cometidos por estes evangélicos começaram a ser julgados num tribunal de Luanda.
Em suma, Ventura terá dificuldades em usar a mesma língua quando falar com Bolsonaro. E terá dificuldades maiores ainda em explicar qual será a lusofonia que tanto o preocupa.”

André Ventura reagiu mal à derrota de Bolsonaro no Brasil:

Que tristeza! Um país irmão rendido a um candidato corrupto e ex-presidiário.
Hoje é um dia muito triste para a lusofonia, mas queria apelar a todos para que se evite violência ou a perturbação da ordem constitucional. Dói sempre perder para a extrema-esquerda, a vida continua!

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