Anti Cheganos, Luís Osório

Luís Osório dedicou um Postal do Dia ao “vendedor de banha de cobra” André Ventura e à “erva daninha” Chega

Luís Osório, escritor, dedicou o seu “Postal do Dia” da TSF de sábado ao “vendedor de banha de cobra” André Ventura e ao Chega, “erva daninha, um partido que defende valores fascistas”.

Deixo-vos o postal de sábado – só hoje o consegui colocar
POSTAL DO DIA
Senhor Ventura
O vendedor de banha de cobra
1.
Não se deve falar do Chega ou de André Ventura. Grosso modo é o que tenho lido e ouvido nos últimos dias, a generalidade dos comentadores acredita que quanto mais se disser, quanto mais indignação pública for exposta, mais o movimento populista de extrema-direita crescerá.
2.
Infelizmente tinham razão. O problema das ervas daninhas é a estranha particularidade de crescerem ao dobro da velocidade das outras plantas, se regarmos ao mesmo tempo uma erva daninha e outra qualquer planta menos nociva, sabemos o que nos espera: ao fim de algum tempo a erva daninha come tudo à volta.
3.
Mas o senhor André Ventura já está para lá disso. Este fim-de-semana, num congresso em Santarém, a malta do Chega parece estar a vestir a pele de cordeiro para disfarçar a sua essência de lobo. O cheiro do poder, da possibilidade de lá chegar, tornou-se uma evidência. Passou-me pela cabeça que podem mesmo lá chegar.
4.
Vivemos um tempo de relativismo. E a esquerda tem perdido várias batalhas por um excesso de “politicamente correto” que tem permitido a conquista de um terreno fértil por parte de novos fascismos. Existe uma espécie de policiamento de costumes que está a transformar vários combates justos em novas inquisições morais e moralistas que oferecem de borla oxigénio aos populismos (sobre isto escreverei num destes dias).
5.
Posto isto, vamos então ao Chega do senhor André Ventura. O país tem de estar ciente de que se trata de uma erva daninha, um partido que defende valores fascistas. Apesar da normalização são movidos pelo ressentimento, pela indignação contra um sistema que eles culpam pela sua infelicidade, pela vontade de ajustarem contas com os “maus” – e nos “maus” cabem políticos (chulos), homossexuais (paneleiros e fufas), esquerda (comunas de merda), pessoas de outras cores e culturas (pretos e ciganada) e todos os que, de uma maneira ou de outra, são democratas.
6.
A partir de agora, à direita e à esquerda, temos de estar bem cientes de que eles podem lá chegar.
Quem é conivente?
Somos os que estamos (e não falo apenas para a esquerda), no lado justo da barricada ou os outros, os que querem rebentar com “esta merda toda”?
É que no dia em que se concretizasse essa revolução justiceira, o que só poderia acontecer à escala global, veriam os seus filhos e netos de botas cardadas a marchar para o abismo.
Estou a exagerar?
Estou.
Na verdade, estou a exagerar muito. Acredito que esse movimento internacional/populista não irá vingar. Mas também é verdade que já esteve mais longe. E o dinheiro está aí disponível para que eles o usem. E com isso cresçam. Veremos no futuro.
LO

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