A notícia do falso arrastão da Praia de Carcavelos segundo o jornal que promoveu André Ventura

Correio da Manhã, jornal que promoveu André ventura, tem uma forma muito própria de dar notícias, que agrada à extrema-direita portuguesa. Ontem para dar a noticia dos confrontos num aglomerado de jovens na Praia de Carcavelos o CMTV colocou como título da notícia “Vídeos mostram confrontos entre multidão na praia de Carcavelos”, ao contrário da grande maioria dos outros jornais que preferiram identificar a “multidão” como “jovens”.
Hoje o Correio da Manhã insistiu com a notícia e “melhorou-a”. Num artigo assinado por Francisca Laranjo, filha de Tânia Laranjo, amiga do líder do Chega que foi recentemente condenada pela Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial, o CMTV tem como título: “Pancada no comboio e terror na praia: Dois confrontos em dias seguidos na Linha de Cascais”.
O jornal destaca um relato atribuído a um treinador “anónimo” de futevólei: “Quinhentas pessoas a consumirem droga e a beberem, muita confusão, muita coisa absurda. Depois passaram a correr e levaram telemóveis e carteiras”
Apesar da mesma notícia avançar que não houve registo de feridos e apesar dos supostos furtos de “telemóveis e carteiras” não houve detençoes.
No entanto a CNN, por exemplo, explica o que se passou de uma outra forma. Num título menos dramático: “Incidente isolado” ou falta de policiamento? Conflitos entre jovens geram sentimento de insegurança na praia de Carcavelos” e avança que uma discussão entre duas raparigas acabou por acumular centenas de jovens em alvoroço – uns tentavam separar os elementos conflituosos, enquanto outros empunhavam telemóveis e captavam os vídeos que percorrem as redes sociais.
Segundo a CNN a situação não estará relacionada com táticas criminosas como “arrastões” (fenómeno de assalto coletivo, geralmente praticada por um grupo numeroso num espaço público), mas o pivot da CMTV tem outra opinião e diz que a situação é “conhecida como um arrastão”.
Em 10 de junho de 2005 as televisões abriram os seus telejornais com um “arrastão” na praia de Carcavelos, com um gigantesco assalto conduzido por 500 jovens negros, vindos de bairros degradados, mas que afinal nunca aconteceu, conforme notícia do jornal Público e do jornal Observador.