A maioria dos fundadores do Chega foram afastados, ou afastaram-se, do partido, ou estão prestes a seguirem uma dessas hipóteses.
Nuno Afonso, militante Nº 2 do Chega e dirigente da Direção Nacional, disse numa entrevista recente à revista Visão que as liberdades e as opiniões de quem pensa diferente do líder são cada vez mais limitadas.
O ex-vice-presidente disse também que André Ventura em vez de escolher os melhores para o acompanhar, escolheu os mais leais, e dá o exemplo de Rui Paulo Sousa, ex-Aliança, um dirigente nacional que é também secretário-geral e preside à Comissão de Ética, órgão que aplica sanções: “Isto é irregular, limita a democracia e deveria interessar ao Tribunal Constitucional”.
Segundo o ex-chefe de gabinete do parlamento, hoje o Chega tenta chegar a tudo e a todos, e a todo o custo, aproximando-se da IL e do PSD, mas: “há uns tempos o André pedia que o internássemos se fizesse acordos com os partidos do sistema. Não digo que ele seja um caso clínico, mas isto faz perder credibilidade.” Para o fundador do partido de extrema-direita seria um erro colossal do PSD, dar a mão a este Chega.
Nuno Afonso afirmou ainda na entrevista que o estilo Chega de fazer política, dizendo mal só por dizer, desagrada-lhe, e que o partido que se diz antisistema tem em altos cargos pessoas ligadas à Maçonaria, ao Opus Dei e oriundas das cúpulas do sistema.
O vereador na Câmara Municipal de Sintra diz que há casos graves de nepotismo no Chega, e que André Ventura mudou o seu discurso, pois no inicio dizia com orgulho que eram o único partido de direita e agora diz que o Chega não é de direita nem de esquerda.
Quanto aos militantes da oposição interna, a quem André Ventura chama ratos, Nuno Afonso diz que o problema no partido é ter demasiados carneirinhos.
Questionado se André Ventura acredita em tudo o que diz, respondeu que muita coisa é estratégia política: “Quando se diz uma coisa e o seu contrário é porque há alguma deriva…”
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