Nuno Afonso, militante nº 2 do Chega, foi entrevistado na segunda parte do programa Vichyssoise do Observador, onde confessou que vai sair do partido depois de ter sido afastado paulatinamente de vários cargos e de ter entrado em cisão com o líder do partido de extrema direita.
O ex-vice-presidente do Chega, que acompanhou André Ventura como candidato autárquico pelo PSD em Loures em 2017, afirma que “é o culminar lógico de tudo isto” e justificou com várias mudanças de posições no partido:
Com todas as linhas vermelhas e a postura que o partido tem tido dentro da própria Assembleia da República, com deputados a agredirem deputados do próprio partido, com deputados a encostarem a cabeça a deputados de outros partidos, a ofenderem deputados de outros partidos, supostamente a agredirem militantes do próprio partido… são as linhas vermelhas que acho que qualquer pessoa com bom senso tem de traçar. Sim, o mais provável é sair. Sim, vou sair!
O ex-Conselheiro Nacional do PSD relembrou na entrevista o telefonema de “um amigo de longa data”, André Ventura, que pediu “ajuda para fazer um partido novo”:
Na altura disse que queria um partido assente em bases de democracia, liberdade, meritocracia, que defendesse a instituição de família, políticas de certa forma conservadoras, sendo que a democracia e liberdade em primeiro plano.
Nuno Afonso, considerado líder do oposição, sente-se “atraiçoado” e não se revê no percurso que o partido está a levar, “Estou demasiado agastado”.
O vereador do Chega em Sintra, que até hoje integrou a Direção Nacional, explicou que não saiu antes por ter a “esperança” de que a Convenção de Santarém pudesse “salvar o partido e impedir o partido de ir na linha autoritária” — uma ambição que viu destruída por acreditar que houve falta de democracia interna na eleição dos delegados e por considerar que haverá impugnações por situações que considera ilegais.
O fundador do Chega confessa que o único medo que tem é não viver em democracia, e que vai continuar a lutar pela democracia e pela liberdade, e contra os autoritarismos, e não vai ao V Congresso Nacional porque “as regras do jogo estão viciadas. Tudo no Congresso é escolhido por André Ventura”.
Afirma que nunca foi desleal com o ex-comentador do CMTV, que as coisas são feitas de uma forma muito pouco transparentes, que André Ventura é um líder autoritário: “ele não respeita as regras democráticas”.
No bloco de carne ou peixe, onde só podia escolher uma opção, Nuno Afonso votava em Rui Rocha (novo líder do Iniciativa Liberal) em vez de André Ventura para umas Eleições Legislativas antecipadas, não convidava nem Rui Paulo Sousa nem Pedro Pinto para almoçar, para fundar um partido ligava a João Cotrim Figueiredo em vez de André Ventura e preferia Paulo Portas a Marques Mendes para candidato presidencial.
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