Em junho, o carro onde seguia o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, atropelou mortalmente na autoestrada A6, um trabalhador que fazia a manutenção da via. O Ministério Público abriu um inquérito, que ainda decorre, para apurar as circunstâncias da morte do trabalhador, a GNR tem também uma investigação a decorrer ao caso, bem como o INEM que instaurou um inquérito interno sobre as circunstâncias em que foi prestado o socorro no acidente.
Hoje, o Chega viu chumbada pela Assembleia da República a sua proposta para a constituição de uma comissão parlamentar de inquérito à atuação do Ministério da Administração Interna no acidente com o carro do ministro (votos contra do PS, PSD, BE, PCP, PAN, PEV e da deputada não inscrita Joacine Katar Moreira, e votos a favor do Chega, CDS, Iniciativa Liberal e da deputada não inscrita Cristina Rodrigues).
Durante o debate vários deputados relembraram que estão em curso Investigações considerando que não se justifica a abertura de uma comissão parlamentar de inquérito.
O PS, por Francisco Oliveira, relembrou que o Chega, em julho, já tinha apresentado um requerimento de audição de Eduardo Cabrita à Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, tendo, na altura, os deputados daquela comissão rejeitado a proposta:
O que sobra de tudo isto é a tentativa de, mais uma vez, o Chega obter alguma exposição pública relativamente a um assunto que já foi alvo da rejeição da Assembleia da República através da 1.ª Comissão. Nesse sentido, e por ser perfeitamente desajustado, não pode o PS acompanhar este requerimento.
O PSD, por Carlos Peixoto salientou que o acidente que envolveu o carro do ministro da Administração Interna foi “com certeza involuntário” e “deve estar à margem de qualquer confrontação política”.
Reforçando que o caso está a “ser investigado e apurado num inquérito judicial que, seguramente, está a ser feito com a maior diligência”, e que é “prudente aguardar pelas conclusões desse inquérito”. .
Pedro Filipe Soares do Bloco de Esquerda acusou o Chega de estar a utilizar a morte do trabalhador Nuno Santos para “arremesso político”, afirmando que, apesar do BE já ter pedido a demissão de Eduardo Cabrita, “não há nenhuma prova” de que o ministro da Administração Interna esteja a tentar “impedir” que o inquérito decorra ou a “deturpar” a investigação em curso.
António Filipe do PCP afirmou que “qualquer pessoa bem formada não deveria fazer chicana política com um trágico incidente” e apontou que “deve ser feita toda a investigação necessária” e “apuramento de responsabilidades”, o que considerou estar a ser feito pelas “autoridades competentes”.
Não aceitamos que a Assembleia da República queira interferir nesse inquérito judicial em curso, fazendo um inquérito parlamentar que passaria para o campo da política aquilo que, neste momento, deve estar no campo da Justiça.
A página oficial do Chega partilhou a imagem com o texto “Parlamento chumba iniciativa para investigar acidente de Cabrita” e escreveu:
O CHEGA é o único partido preocupado em esclarecer em que circunstâncias ocorreu o acidente que envolveu o ministro da Administração Interna e que matou um trabalhador. Os outros partidos unem-se para que esta tragédia seja esquecida, mas nós não esquecemos.
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